A Realidade Virtual e da Realidade Aumentada são um conjunto de ferramentas de apoio à tomada de decisão, que tornarão as decisões mais rápidas, mais precisas e mais preditivas. O potencial destas tecnologias é imenso, no entanto existe ainda, um longo caminho a percorrer no seu desenvolvimento e eficaz implementação.

A RA (Realidade Aumentada) é uma variação da tecnologia RV (Realidade Virtual). Enquanto que a RV imerge completamente o utilizador dentro de um ambiente virtual (não físico), a RA permite ao utilizador visualizar o mundo real com objetos virtuais em sobreposição com os objetos reais, em resumo a RV substitui a realidade enquanto a RA complementa-a.

Embora estes desenvolvimentos em vertentes mais lúdicas tenham sido amadurecidos apenas há alguns anos, a indústria tem experimentado e aplicado a RA e a RV, sobretudo na visualização aumentada ou virtualizada de processos, há pelo menos duas décadas.

Num ambiente industrial, a RA pode facilmente substituir todo o tipo de manuais e documentação técnica em suporte papel, mostrando em tempo real e no contexto correto a informação respeitante a qualquer equipamento ou processo que esteja a ser visualizado pelo técnico, aumentando de forma muito significativamente a sua capacidade de resposta no terreno. A visualização é a utilização imediata deste tipo de tecnologia, embora na realidade seja possível muito mais. Dois campos de utilização surgem cada vez mais relevantes na Era 4.0: A aprendizagem de novas competências e a tomada de decisões.

Learn by doing é uma metodologia que tem sido utilizada desde que existe a relação Mestre – Aprendiz. É um processo lento, que carece da disponibilidade e vocação do mestre para ensinar, mas extraordinariamente mais eficaz no processo de aquisição de novas competências e na retenção do conhecimento num ambiente industrial. Com a integração da RV e da RA neste domínio, é possível potenciar este método:

  • Integrando os Aprendizes e o Mestre num ambiente virtual ou aumentado, possibilitando a socialização do processo de aprendizagem, por outras palavras, as tarefas podem ser realizadas em equipas que interagem com os mesmos processos e objetos. Além disso, esta socialização pode aumentar de forma significativa o número de Aprendizes por Mestre;
  • Num ambiente virtual, possibilitando ensaiar processos perigosos e dispendiosos sem qualquer risco;
  • Ao incorporar e modelar em ambientes virtuais ou aumentados, as competências e os conhecimentos retidos pelo Mestre, tornando possível replicar o processo de aprendizagem sempre que necessário, diminuindo a relevância da disponibilidade do Mestre;
  • Integrando através de RA, manuais e tutoriais que ensinem passo a passo, de forma clara e objetiva.

Estas tecnologias têm, também, um lado menos positivo associado à sua implementação, que, no entanto, não deve ser dissuasor da sua utilização. Destacamos os seguintes aspetos que podem criar uma barreira à sua eficaz implementação: a dificuldade na utilização das tecnologias e no foco do aprendiz, assim como, a possível dissociação da realidade, o que pode diminuir a perceção de perigo do processo.

No capítulo das tomadas de decisões na era do Big Data, torna-se imperativo que os Decision Makers possam tomar as decisões corretas no devido momento, através da filtragem da informação mediante campos relevantes e através da validade contextual e temporal. A RV e RA podem ajudar neste problemática, conferindo os dados exatos, no contexto certo, com os parâmetros definidos, num único modelo digital, garantindo que potenciais informações incorretas, descontextualizadas e obsoletas não irão inquinar o processo decisório.

Os diferentes Decision Makers podem visualizar os dados relevantes usando um painel virtual: máquinas, processos, infraestrutura, operações, pessoas, indicadores financeiros, todos eles podem estar disponíveis. No modelo virtual podem ser feitas alterações, como instalar uma nova máquina, redesenhar um processo, redistribuir as equipas de trabalho. Como tudo isso é feito num ambiente virtual ou aumentado, não se coloca a questão do risco, e todos os Stakeholders podem ver no modelo, exatamente quais as potenciais consequências de uma mudança para a sua área de intervenção. Não será necessário exibir todos os dados num ambiente virtual, pois isso torná-lo-ia extremamente complexo. A opção mais eficaz será adequar os ambientes às necessidades dos decisores. Por exemplo para um Decision Maker da área financeira o modelo pode simplesmente exibir uma folha de Excel com todos os seus KPI relevantes.

A Realidade Virtual e da Realidade Aumentada são, assim, um conjunto de ferramentas de apoio à tomada de decisão, que tornarão as decisões mais rápidas, mais precisas e mais preditivas. O potencial destas tecnologias é imenso, no entanto existe ainda, um longo caminho a percorrer no seu desenvolvimento e eficaz implementação.

 

https://www.atec.pt/artigos-tecnicos/realidade-aumentada-e-realidade-virtual-na-industria.html

Author: Manuel Costa

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